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O que é Resultado em Logística?


Resultado, simples assim

Sob o ponto de vista do Operador: Resultado é entregar o que o cliente comprou e o lucro que o acionista espera.

Sob o ponto de vista do embarcador: Resultado é colocar o produto no cliente final íntegro, com custo dentro do budget estipulado.

Óbvio? Às vezes não; ou a maior parte das vezes não é.

Recentemente conversando com um diretor de vendas, de uma multinacional gigante, eu empolgadíssimo disse que estávamos desenvolvendo um sistema de informação em real time; poderíamos colocar por e-mail ou no nosso site informações se o caminhão estivesse atrasado, o momento que ele chegasse ao cliente final e se lá esperasse pra descarregar. Meio que certo que estava fazendo sucesso, perguntei o que ele achava, se seria importante para o negócio dele. Foi um dos “nãos” mais secos que já recebi na vida.
“Não, apenas entregue na hora certa, se ocorrer algum problema informe o pessoal de logística”, o cliente disse, triste...

Você acha que o produto era de baixo valor agregado e essa tecnologia não faria sentido mesmo? Errado. Divisão de notebooks.

Desabafei com meu chuveiro e ele me lembrou de quando era embarcador, eu tinha que transportar centenas de toneladas de fertilizantes por semana; quando recebia um transportador que me dizia o quão maravilhoso era seu RH, ou seu sistema de gestão, eu dizia: “puxa .... mas arrasta minha carga de um ponto ao outro, por favor”.

Voltando a surreal realidade dos operadores: certa vez tínhamos a implantação de celulares à consumidores finais em Salvador. A coisa não ia muito bem, apanhávamos de todo jeito. Fui pra lá, força tarefa, muito trabalho e um bocado de dinheiro injetado (não budgetado) e o OTD chegou perto de 100%. Reunião semanal com o cliente e eu bem feliz. Apanhei de novo, e bem.

Entregamos tudo e não informamos nada como deveríamos (IOD – Information on-time delivery), e como não informávamos a operadora não podia ativar o aparelho, o cliente bravo não conseguia usar o telefone e a operadora sem faturar.
O cliente não vendia telefone, perdemos esse pequeno detalhe. A informação era mais importante que a entrega do produto.

O nível de serviço que tem que ser entregue é o que o cliente comprou. Se você tiver um serviço padrão, e clientes de negócios diferentes você vai entregar para alguns mais que pagaram e a alguns menos do que esperam.

O embarcador que compra logística só por preço, e exige nível de serviço que não paga, fica sem logística ou perde na prateleira; o que exige serviço que não precisa perde competitividade.
Ajustar o nível de serviço, e fazer com que ele aconteça faz o resultado.

Dois tipos de operações com problemas:
1   Operação com baixo nível de serviço.
2   Operação com resultado financeiro ruim.

Qual a pior operação que existe? A operação insustentável: Baixo nível de serviço e com prejuízo.
Para acertar o nível de serviço é preciso gastar dinheiro, normalmente você coloca a operação no vermelho; não se discute budget com perda de cliente ou market share. Acerta-se a operação e depois o nível de serviço, e então coloca as finanças nos trilhos. É duro e caro, mas é o jeito.

No entanto se a operação já sai com prejuízo e nível de serviço aquém do acordado é o princípio do fim.
Não há operação que se sustente assim, ninguém faz negócio para deixar o cliente feliz ou a cidade orgulhosa. Só o lucro perpetua o negócio.

Entregar Power point com planos em vez de EBIT não faz bem pra saúde.
Não se pode confundir meios com fim. Sistemas, processos, segurança, meio ambiente, qualidade assegurada, controles ..... como um bocado mais de outros overheads são meios para o objetivo verdadeiro: lucro!

Custo adequado, não significa custo baixo; entregar o serviço correto gera uma operação saudável, com lucro para o acionista.

Óbvio, mas no mundo de hoje temos muitas distrações; atividades que deveriam ser suporte e acabam por ser fim pelo poder que obtêm, tornam-se complexas e onerosas.

Entregue o serviço acordado e lucro para o acionista. Isso é resultado.

Um abraço e um obrigado ao improvável leitor.

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