Tecnologia sem competência não vale nada.
A tecnologia é a evolução da espécie humana, os avanços que a humanidade conseguiu nas últimas 5 décadas é maior que toda a evolução até então em toda a história.
Os dois parágrafos anteriores não são contraditórios. A questão é que as pessoas que usam a tecnologia estão distantes da ciência que as desenvolveu; as pessoas buscam os benefícios das maravilhas modernas e não como usá-las bem, muito menos em aprender como.
Quando o cérebro era mais importante que o dedo que domina o botão, era preciso ter habilidades, esforço real e competência na arte de realizar. Era preciso pensar.
As melhores empresas são as que tem processos eficientes e pessoas eficazes para aplicação plena da tecnologia.
Tecnologia é meio e não fim. É investimento e não custo, simplificação e otimização do resultado, e não geração de controles e relatórios que não se usam.
E a Logística? Do CTRC na Olivetti ao poderoso TMS vão-se 30 anos, mas os cabelos.....
Antigamente fazer tracking de caminhão era mais fácil, barato e eficiente. Estou falando de antes da vinda do celular e da era do GPS. Nelson Piquet corria pessoalmente atrás de Transportador para mostrar sua maravilha tecnológica (Autotrack) e o celular ainda não era algo decente (bom....melhor não pensar nisso).
Fazíamos tracking com processo, treinamento e disciplina, funcionava.
A Questão é: de verdade o que fazemos com a informação dos caminhoenzinhos se mexendo tela? Sabemos de fato quando o caminhão vai atrasar e por que? E se sabemos porque, fazemos o que?
Antes que você pare de ler, deixe-me contar uma história real, a vida como ela era...
Era uma vez, lá pelo começo da década de 90 uma operação logística de alto risco A Corn Products lançou um produto para cervejarias, rompia (ou tentava) uma tradição centenária da produção de açúcar de arroz no momento em que iria-se utilizar.
Maior aproveitamento na produção, e mais barato.
Mesmo com a resistência dos mestres cervejeiros, a indústria decidiu testar o produto, a condição para o teste era: um único conteiner de estoque, e sobre rodas, posicionado ao lado da produçáo. Se a operação parasse, fim do teste.
O produto era perecível, um tipo de açúcar líquido, um ambiente biológico ideal para a proliferação de bactérias, assim o produto ia praticamente da produção para o consumo Uma "pequena" dificuldade: origem Mogi Guaçu/SP, e o principal destino era Camaçari/BA - 1900km.
Tínhamos como Meios tecnlógicos disponíveis:
um bocado de caminhão, motoristas, e orelhões (aquele artefato plástico, gigante, com um telefone que funcionava com fichas, tipo fliperama (inclusive no som)).
Montamos uma operação simples, mas difícil de realizar.
1) O caminhão saia de Mogi, com rotas e parada definidas
2) Tínhamos um call center (de uma pessoa por turno) para receber as ligações dos motoristas, que ligavam dos postos de combustível.
3) O motorista deveria ligar no horário planejado em função da rota e tempo para cumprir o trecho; havia uma tolerância de uma hora.
4) haviam motoristas em bases de apoio, ou em sua própria casa, com um carro de passeio que eram acionados pelo call center se o motorista não confirmasse sua posição conforme o estabelecido.
5) Ao chegar ao destino, o motorista informava o call center também a quantidade de produto que ainda havia no tanque.
6) A produção e logística do próximo conteiner se iniciava.
Uma noite um dos motoristas não ligou, o call center me consultou e soltamos o inspetor atrás do bonitão, ele dormia tranqüilamente no local que deveria estar.
Demiti o motorista, o processo começou a funcionar que era uma beleza. A Corn teve seu produto aprovado, passamos a ter tanques maiores e produção mais perto das cervejaria.
Final feliz.
Vamos todos parar de usar GPS/GPRS/TMS/5S e outros "S" de systems?
Não!
Mas tecnologia, sem bons profissionais, processo e disciplina não vale nada.
Um abraço e obrigado ao improvável leitor
Douglas