Li
a biografia de Steve Jobs de Walter Isaacson (o livro de capa branca).
Aproveitei as férias e devorei o livro.
As
vezes penso que Deus parou de fabricar gênios. Há quanto tempo não temos
gerações de iluminados? Se lembrarmos dos impressionistas, que de uma só vez
tivemos Renoir, Degas, Monet, Manet, e Humbrant, só pra citar alguns. Quantos
músicos geniais na mesma época, como Mozart, Vivaldi, Beethoven e Bach? Platão
definiu a Democracia perfeita antes se quer entendermos os déspostas (que ainda
nos perseguem usando um falso populismo ao sul do Novo Mundo).
Lembra
de quem veio depois de Picasso ou Einstein? Também não lembro.
Os
historiadores estarão isentos de paixões e poderão ver o que nossas frustrações
e emoções não permitem, assim darão à Steve Jobs uma cadeira mais para lá ou
mais para cá, no reino dos gênios. Talvez em um patamar bastante inferior aos
que citei, mas o fato é que ele foi um gênio. Não só pelo fato de ter
reinventado o computador, a forma como nos comunicamos, ingerimos música,
informação, e a própria tecnologia; não só por ter mais de 250 patentes em seu
nome; não só por ter desafiado todos os conceitos de gestão em construir,
destruir e reconstruir a empresa mais valiosa do mundo; mas por mostrar ao
mundo que a perfeição é o casamento da engenharia com a arte, que desafiar é
não desistir nunca do ótimo.
Se
precisamos de minutos para aprender a usar uma de suas jóias, vamos precisar de
algumas décadas para entender como alguém tão estúpido pode ter sido um ídolo e
seduzir tantos.
Dicotomia
dos extremos: para ele tudo era péssimo ou perfeito, todos eram heróis ou burros
..... Steve era um estúpido bastante sensível.
Jobs
criou em 30 anos a empresa mais valiosa e idolatrada, os produtos mais
perfeitos e desejados. Buscou um lugar no mercado que não se conquista com o
trivial, a Apple vende sonhos de alta qualidade, alto valor, e que funcionam.
Jobs
disse várias vezes que ficou arrasado quando demitido da Apple, pelo executivo
que tanto havia insistido trazer anos antes; chorou (literalmente), e implorou
ao conselho; mas com 30 anos de idade era um milionário desempregado.
Humilhado, tinha fracassado (tinha mesmo sido um Executivo ruim) a frente da
empresa que sonhara e materializara. Depois de criar a NeXT e a Pixar, e ter
voltado à Apple, confessou que se não tivesse caído, não teria reerguido a
Apple.
A
bela Maça Mordida fazia prejuízo, produtos ruins, e encolhia; quando se pensa
que Jobs foi inventivo e inovador, foi; mas o que salvou a Apple foi sua (nova)
genialidade em gestão.
Na
NeXT perdeu milhões em hardware para Universidades antes de fazer lucro com
softwares, insistiu com computação gráfica avançada antes de transformar a
Pixar em uma fábrica de animações de bilhões de dólares para a Disney comprar.
Antes
da Maça cair podre, Jobs aprendeu e amadureceu. Não teve medo de errar e
insistir com sua convicções.
A
Apple perdera o rumo, muitos produtos competindo entre si, perdera a inovação e
buscava o lucro apenas, a qualquer custo. Perdera os seus melhores
profissionais (parte deles estava com Jobs na NeXT), estava inchada e lenta.
Como
Conseguiu?
Quero
separar o "Princípio Jobs" (sem pretensões analíticas ou científicas)
em duas categorias: Administração e Execução.
1-
Administração
*Foco: reduziu drasticamente a linha de produtos; obstinação pela satisfação
dos clientes, era o que importava, o lucro era conseqüência. Sua convicção era
inabalável, o mundo caminhava junto com Gates na horizontalização da computação
e licenciamento amplo dos aplicativos. Jobs manteve seu não e restringiu o
mercado da Apple, vertical. Resultado: em um momento tinha 7% do faturamento do
mercado e 35% dos lucros gerados por todas as empresas de PCs juntas.
* Qualidade: eliminou os produtos ruins, softwares e hardwares de segunda classse ou com defeitos conceituais.
* Custos: demitiu departamentos inteiros, reavaliou todos os gastos e produção.
* Talentos: trouxe gente A (como ele falava), e eliminou os B, tanto quanto pode. Remunerou os melhores a preço de ouro.
* Unicidade: ele pessoalmente administrava todas as Divisões; todos trabalhavam pelo resultado da Apple, e não recebiam bônus por seus produtos ou divisões.
* Decisão: Jobs não era democrático, escutava seus Executivos, mas decidia com base em suas convicções, princípios e intuição; muitas vezes enfrentou o Conselho contra as tendências de Mercado, e acertou quase sempre.
* Qualidade: eliminou os produtos ruins, softwares e hardwares de segunda classse ou com defeitos conceituais.
* Custos: demitiu departamentos inteiros, reavaliou todos os gastos e produção.
* Talentos: trouxe gente A (como ele falava), e eliminou os B, tanto quanto pode. Remunerou os melhores a preço de ouro.
* Unicidade: ele pessoalmente administrava todas as Divisões; todos trabalhavam pelo resultado da Apple, e não recebiam bônus por seus produtos ou divisões.
* Decisão: Jobs não era democrático, escutava seus Executivos, mas decidia com base em suas convicções, princípios e intuição; muitas vezes enfrentou o Conselho contra as tendências de Mercado, e acertou quase sempre.
2-
Execução
*Simples,
muito simples. O senso comum normalmente nos impede de dissociar o
simples do sofisticado, nossa cultura ocidental leva o ótimo à área do
complexo. A Apple busca excelência no produto e no design, mas a execução e o
produto final têm de passar simplicidade, valorizando o design e a experiência
do usuário.
*Minimalista.
Procuramos botões ou comandos misteriosos, e antes de Jobs, normalmente nos
livrarmos dos aparelhos antes de saber usá-los totalmente.
*Engenharia
e Materiais a frente do Tempo. O desafio à Engenharia e materiais novos
e inovadores eram sempre os pilares da execução de seus produtos em estado da Arte.
Só um exemplo entre tantos casos: o vidro usado no iphone e ipad foi inédito. o'"Gorila
Glass" (era esse mesmo o nome do produto) foi fabricado por uma empresa
americana que inventou um vidro muito, muito resistente, ao mesmo tempo com
qualidade impar de transparência, o produto estava abandonado por falta de
aplicação. Jobs selecionou e negociou pessoalmente o material e desafiou a empresa
a fabricar uma quantidade enorme em tempo recorde, funcionou. Inclusive a
Logística.
*Custo
e investimentos são mesmo equações diferentes. Uma vez que se posiciona
o produto no mercado correto, não se faz economias nos materiais e na execução.
Não desperdiçar dinheiro com estruturas complexas,custos indiretos e determinar
preços de venda certos, permitiam altos investimentos, matérias primas de
qualidade superior.
*Logística
eficiente. Um de seus primeiros atos no retorno à Apple foi baixar os
estoques de materiais e produtos acabados de seis meses para dias, em alguns
casos horas. O transporte tinha de ser eficiente, a produção era em sua
maioria, na Ásia.
Isso
tudo posto, vamos às elucubrações:
Mas
e se Jobs prestasse serviço? Se por uma infelicidade do destino (dele)
trabalhasse com Logística?
Podemos
fazer um exercício, trazendo para a logística os princípios de Jobs, não
fazendo juízo sobre como lidava com pessoas, e nem se teria inventado o
teletransportes para levar carga. Apenas um bate papo de blog.
A
logística é cada dia mais importante e complexa, a competição e as sucessivas
crises tornam a logística um transtorno (não por acaso o nome desse blog),é
cara e não agrega valor, mas pode inviabilizar o negócio.
Estamos
na era logística qualificada como uma commoditie; busca-se preço baixo,numa
estrutura deficiente e assim muito pouca coisa funciona.
O
tema não é a Logística da Apple, mas a questão é como se sairia Jobs à frente
de uma empresa de Logística. Cabem os "Princípios Jobs" para serviço,
e mais ainda em Logística?
Refletindo
sobre os pontos acima, não há nenhuma dúvida que sim. Difícil imaginar alguma
empresa que não possa ser gerida, bem gerida, com esses princípios.
Trazendo
esses conceitos para a Indústria Logística, um rabisco inicial poderia ser:
*Foco,
simplicidade e minimalismo
Armazenar
e transportar a carga até seu destino final, no prazo, não deveria ser complexo.
* Qualidade: entregar a carga intacta no momento certo, com profissionalismo
e cordialidade.
* Custos: diretos adequados, indiretos mínimos e absolutamente
necessários. Os investimentos devem ser no material e engenharia (segundo Jobs),
o que significa:
Formação
de Profissionais, mais que treinamentos; pensa-se pouco na formação dos
operadores (motoristas, por exemplo).
*Informação na medida certa. A informação acaba por ser um paradigma
interessante. Se exige muito no quesito informação, se atrasa, se vai atrasar,
se vai adiantar, em tempo real se chegou, em alguns casos a posição em tempo real.
A
questão é qual a relação de custo x
benefício dessas exigências? O que se faz com essas informações.
Informações por si não geram controles que não geram ações. O custo em dinheiro
gerando o custo das frustrações, pois a energia vai, sem retorno (o trocadilho
se justifica)
*Sistema tem de resolver
questões de produtividade e eficiência e não ser pródigos em relatórios post-mortem.
Simples: planejamento, dash-board de controles.
* Talentos. Serviço é Gente. Jobs
não tinha paciência com funcionários "B", buscava sempre os "A".
Curva "Normal", são empresas normais, na média.
* Unicidade. Uma empresa de
Logística tem de fazer Logística, só; mas completa. Não é a toa que se fala "Supply
Chain" (e pouco se faz).
*Inovação. Cabe? Cabe. nos
processos, no fim, e não no meio. Como armazenar e entregar mais barato e mais
eficiente. Em outras palavras: inovação em eficácia. O Design perfeito vem nos
processos, desenho e execução da operação.
Difícil
imaginar alta tecnologia para um commoditie, essa tem de ser para agregar
eficiência e não "experiência" ao usuário. Jobs certamente não
temeria investimentos ou custos que minimizasse o custo da cadeia e deixasse
que os clientes nem lembrassem da Logística, só dos produtos.
A
melhor Logística será a que não se nota, simples e mínima.
Que
tal gerarmos uma discussão sobre isso? Por favor, fiquem a vontade...
Um
abraço e obrigado ao improvável Leitor.
Douglas
Muito interessante, sua analogia também, vou comprar o livro urgente e DEVORA-LO, BFS e abraço, Antonio Mizael
ResponderExcluirSteve Jobs realmente era um visionário as empresas que tratam seus recursos humanos como humanos de fato tem melhores resultados.
ResponderExcluirFaz tempo que o colaborador deixou de ser custo e passou a ser investimento. E uma pena que muitas empresas ainda não enxergam esta distancia entre o custo e o investimento.
Ótimo post
Cleber
Espetacular.... Agora não vejo a hora de ler o livro....
ResponderExcluirDouglas gosto muito do seu blog,e não vou perder tempo para comprar o livro.
ResponderExcluirGostaria de sugerir um tema, "Juventude e o mercado de trabalho".
O Jobs não estava totalmente errado em suas convicções quando ele não valoriza muito pessoas “B”, porque pessoas são egoístas pretenciosas e tem medo da tecnologia e medo de perder o emprego pela sua incapacidade de arriscar, agir e inovar. Pessoas deixam o tradicional permanecer até onde puder; e inovar somente quando o chefe diz que é para fazer e pronto.
ResponderExcluirJobs era muito sábio, destemido e arrojado e precisava dos melhores profissionais ao seu lado pois sabia que o investimento em melhores salários o impacto era imediato, pois onde tinha três a competência fazia que com um desse conta dos serviços dos três pois este estava qualificado para aquela tarefa que antes não tinha conhecimento, capacidade e competência suficiente para realizar, por isso chegou onde chegou e conquistou o mercado mundial; porque descobriu que toda empresa tem que buscar a satisfação total dos clientes através de uma equipe motivada e comprometida em resultados. Jobs não economizava em seus sonhos buscava os melhores produtos e as melhores tecnologias para construir um império onde os consumidores do mundo inteiro se surpreendessem e ele conseguiu.
Já muitas empresas gostam de colocar pano novo em roupa velha e deixam de investir em tecnologia e pessoas especializadas, comprometidas e compromissadas com resultados, por isso este desastre; onde várias delas inchadas acabam se quebrando ou sendo repassadas por falta de profissionais competentes para administra-las.
Tenho uma tecnologia que hoje que pode reduzir os custos e processos drasticamente do Embarcador, Transportador e Cliente; mais não sei por qual motivo se por medo ou por vaidade muitos profissionais blindam a entrada e não deixam apresentar e testar para ver os resultados positivos que podem causar na relação custo X beneficio.
Aí eu me pergunto será talvez por ser ruim, por não fazer o prometido, porque é uma tecnologia muito avançada, por causa do preço, por impactar diretamente no RH ou por solucionar a maior parte das informações necessárias de controle e gerenciamento dos processos.
Penso como Jobs que o fornecedor tem que sempre inovar e ser um facilitador (eficiente e eficaz) para que os clientes fiquem totalmente satisfeitos com seus produtos, desta forma a cadeia de suprimentos e distribuição possam focar em sua atividade principal que o de é vender “Core Business”.
Parabéns pela matéria tão empolgante e oportuna para que as pessoas míopes possam enxergar que existem pensadores que sabem caminhos para melhorar nossa Logística
David Costa
Manager New Business
P.O.D. – Proof Of Delivery
Sinature Software Digital
http://www.linkedin.com/in/davidcosta1
Difícil imaginar alta tecnologia para um commoditie, essa tem de ser para agregar eficiência e não "experiência" ao usuário. Jobs certamente não temeria investimentos ou custos que minimizasse o custo da cadeia e deixasse que os clientes nem lembrassem da Logística, só dos produtos.
A melhor Logística será a que não se nota, simples e mínima.
Douglas Tacla
Vice Presidente de Transportes
DHL Supply Chain América Latina.
Prof. Doutor LALT Unicamp