Várias pessoas me disseram que deixei
o primeiro texto sem terminar, em minha defesa: (a) o título dizia “Cap. I”;
(b) a coisa não vai ter fim tão cedo.
Terminei meu texto anterior em 24 de junho
de 2018, no rodapé, dizendo “Texto
escrito antes da definição judicial do imbróglio da tabela de frete”; pois bem,
quatro meses depois seguimos no imbróglio; o Governo Federal terceirizou à ANTT
que meio atônita se socorreu, ao STJ (ou vice-versa). Se o Governo Federal
lavou as mãos, a ANTT mistura números com quilômetros e a justiça não consegue
entender o que é constitucional; imagine o que o mercado está passando, além de
náuseas....
No meu bloguesinho de improvável leitura, eu disse que não funcionária. E não funciona...:
O aumento de custos para a economia
do país com o impacto na logística é estimado em R$25 bilhões por ano pela
ESALQ; a propósito o grupo do Prof. Caixeta, que tive a honra de compartilhar
algumas bancas, tem um excelente trabalho a respeito (http://bit.ly/2MyNSUl)
O jornal Valo Econômico, em julho,
traz um estudo da FIESP dizendo que o impacto nos Custos de Logística no estado
de São Paulo é de 19.8%
Mas vamos além dos custos diretos
para às empresas ou economia, vamos pensar por um momento nas longas
distâncias. O conceito da tarifa mínima, maximiza o valor em função da
distância percorrida.
Quais são as rotas mais longas?
É óbvio que origem Sul/Sudeste
destino Norte/Nordeste; é óbvio que os estados mais pobres são importadores.
Para onde vão os aumentos de custos? Não será óbvio que, de novo, os mais pobres
vão pagar a conta?
Alguém tem dúvida que somos um país
que vive de e para commodities? Qualquer especialista ou literatura, mostra que
o custo de logística total na cadeia de um commoditie pode alcançar ou passar de
60% do custo total do produto. O que acontece com a competividade de nossa soja
ou minério, e consequentemente com nossa economia?
Os Transportadores não podem pagar o
aumento do frete sem repassar ao contratante, e o contratante não consegue, se
quer a médio prazo, passar ao consumidor ou importador.
O carreteiro, bem... ele que deveria
estar sendo beneficiado, mas mais que está assistindo ao contratante correr
dele. Não há melhora no serviço, não há redução de custos na cadeia que pudesse
mitigar o aumento de preço, não há budget para aumento, e ainda sobra o medo de
novas greves.
Tabelar preços no capitalismo da segunda
década do século 21 é tão inconsequente quanto difícil, por mais boa vontade
que todos as autoridades tenham. Então param os caminhões para saber se eles
estão recebendo o frete mínimo.
Se fosse fácil, lógico ou tivesse
senso, a fiscalização não fiscalizaria o beneficiado. Surreal!
Se eu tenho um produto e alguém quer
comprar (ou precisa), não é óbvio que comprador e vendedor se entendam?
Vejam que a ANTT, está vergando para
o bom senso, em uma resolução recente a superintendente Rosimeire Lima de Freitas deliberou a propósito
de um caso demandado por uma associação específica: "Se ajustadas entre as partes, contratante e contratado, condições
de contratação sobre o eixo vazio, obrigatoriamente, a avença deverá constar
expressamente em documento fiscal.
O probleminha é que bom
senso e política não exatamente se gostam muito.
Não sou contra a se pagar preços
justos aos carreteiros, ao contrário, mesmo!!!
O Brasil tem uma péssima infraestrutura
e continuará assim por ao menos mais uma década; portanto os caminhões vêm nos
salvando há muito. Por justiça social, e por sobrevivência da classe, o
carreteiro tem de ser corretamente remunerado, e insisto que os custos do
sistema logístico têm que ganhar eficiência e a remuneração justa virá sem
tirar a competitividade do país ou prejudicar ainda mais as regiões mais pobres
e distantes dos centros produtores.
Insisto que o Mercado é tão sábio
quanto cruel. O mercado sobrevive a tudo e todos, e vai encontrar uma saída;
mas nós deveríamos resolver a situação antes que as consequências sangrem nossa
economia e sociedade.
Obrigado e um abraço ao improvável Leitor
(Texto escrito, de
novo, antes da definição judicial do imbróglio da tabela de frete)
Douglas