Pergunta: O que esses produtos
têm comum?
Despertador; espelho de bolsa;
calculadora científica e financeira; jornal e revistas; relógio;
rádio; dvd player; tocador de música; dicionário; GPS de carro; homem do tempo;
cartões de Natal, aniversário, dia dos Pais, das mães; máquina fotográfica e
filmadora; pombo correio....
Resposta: Morte Súbita
Alguns mais ácidos descordariam,
e condenariam Steve Jobs por homicídio, “serial killer” mesmo.
Segure por um minuto seu smartíssimo celular, bom... se não está
na sua mão está no seu bolso, ou no máximo a 5 cm de você... todos os produtos
acima estão aí dentro.
Vamos falar primeiro de
busisness, depois me atrevo um pouco com minha acidez purista.
Steve Jobs citou Henry Ford
quando lhe perguntou se ele ouvia seus clientes; Ford disse que se escutasse
seus potenciais clientes eles pediriam cavalos mais rápidos.

O smartíssimo matou produtos que se quer nos damos conta, claro que Jobs não criou o waze ou o whatsapp; claro que no dia que ele sonhou com o iphone dominando o mundo e ele não poderia imaginar que as mulheres iriam checar o cabelo e retocar a maquiagem usando seu produto e não o pobre e esquecido espelhinho.
Mas ele quis, sim, gerar o
desejo, a necessidade, o vício, a extrema dependência de seu produto; ele quis
sim matar os tocadores de música e filme, máquinas fotográficas e filmadoras, o
relógio e calculadora, ele quis que as pessoas quisessem o que não existia.
Até aí nada de novo, só uma fichinha
caindo.
Quando um empresário, criador, ou
um pessoa smartíssima faz nascer o
que fascina, vicia e vende; mata um monte de produtos subitamente, e pode levar
literalmente à falência empresas tradicionais, as vezes centenárias.
O Caso da Kodak talvez tenha sido
o mais emblemático, pra quem não lembra a americana e tradicionalíssima empresa
vendia e fazia fortunas com filmes fotográficos; corretamente pôs sua área de
P&D desenvolver um produto revolucionário, inventaram a câmera fotográfica
digital. Executivos que não queriam tomar risco de matar sua galinha de ovos de
ouro, o filme, meterem a invenção na gaveta. Se suicidaram em uma morte
agonizante, matando o galinheiro todo.
Muitas outras empresas agonizaram
antes de morrer ou se curar, adaptando-se ou reinventando-se.
Meu ponto não é esse, nem falar de
Jobs (já falei em outro post); mas falar dos vencedores e tentar entender o que
eles têm em comum:
Resolvem
problemas simples, que todo mundo tem, com soluções que não salvam vidas, mas
resolvem problemas de muitos e do cotidiano; e finalmente mudam (ou achamos que
mudam) para sempre nossas vidas.
Alguns casos mais agudos:
O waze é uma evolução do gps para o carro,
um equipamento “grande” que chegou a custar mais de U$400, te dizia o caminho e
te metia no congestionamento.
Para quem
conhece um pouco de engenharia ou matemática sabe que o waze traz algoritmos
muito complexos e uma ideia genial: é preciso uma massa gigantesca para
funcionar. Se precisa e atrai uma massa
de usuários gigantesca, é vencedor.
O app usa localização,
velocidade, tempo para percorrer rotas ou trechos de milhares usuários
conectados, e vai te mandando para rotas mais livres. Não precise que você
compre nada e é de graça (de graça ‘numas’,
mas essa é outra história).
O Netflix veio matando mais devagar, para
então ser um grande vencedor; comprou briga com locadoras de vídeos, TV a Cabo,
e a indústria de DVD’s, venceu.
Lembra da
Blockbuster? É mesmo né... nasceu em 1985, chegou a operar em 26 países e meio
bilhão de dólares de valor. Morreu triste e discretamente em 2014 (sim.. faliu).
Morreu pelas
mãos da Netflix, mas antes adoeceu com o ataque das TVs a cabo e queda dos
preços dos DVD’s e seus players. Mas será que não se suicidou?
Como o whatsapp venceu? Nasceu em 2009 (parece
que foi ontem) no seio do telefone e devagar está impondo inanição às
operadoras de telefonia, como um hospedeiro impõe à sua vítima.
Você quase não
fala mais ao telefone, manda mensagens e voz pelo whats, e ela chega instantaneamente.
Não vou resistir, desculpe improvável leitor: aquele que quer falar
mais que escutar, adora. Ele ou ela fala sem parar sem ser interrompido, fala,
fala, fala, grava e o do outro lado ele ou ela, é obrigado a escutar antes de
falar, falar e falar de volta.
E a câmara fotográfica do telefone? Pense em quantas fotos você fazia antes
de ter um telefone que “tirava retratos”. De fato precisamos tirar tantas
fotos? Absurdo imaginar a vida tirando fotos só em aniversários e viagens....
absurdo.... como vivemos nossas vidas antes? Absurdo foi o que vi outro dia: o
condomínio de um dos prédios que trabalho quis fazer uma surpresa ao povo que trabalha
lá e colocou um trio de cordas tocando lindas músicas clássicas; o povo
surpreso, passava a catraca, dava de frente com os artistas, e sem hesitar metiam
a mão no bolso e tiravam uma foto, ou filmavam por 10 segundos e iam embora. Não
seria melhor aproveitar alguns minutos e colocar na alma um pouquinho de beleza
e paz? 10 segundos, tira a foto ou filme e vai embora; o que o sujeito faz com
essa foto?
#prontofalei
mas então:
Poderia trazer mais uma dezena de exemplos,
mas acho que fiz meu ponto, esses 3 produtos são vencedores porque:
- Resolvem problemas ou desejos importantes, e que tocam massas
- São simples
- Viciam, mas nós nunca pedimos, nunca imaginamos. Não temos ideia como vivemos antes deles.
Adoramos essas novidades e não
vivemos sem!! Mas certamente essa felicidade não foi, digamos, exatamente uma
alegria, para quem era empregado em fábricas de Despertador; espelho de bolsa;
calculadora; relógio; rádio; mídias player; dicionário; GPS de carro; máquina
fotográfica; criadores de pombo correio....
Seria inteligente nos
reinventarmos e estarmos preparados para trabalhar para os smartíssimos empreenderes que vão nos empurrar coração a dentro
coisas que não viveremos sem.
Não vamos perguntar aos empreendedores
que empregados eles querem, vamos nos preparar e mostrar a eles que somos capazes
de produzir o que nós vamos consumir e ainda não sabemos que queremos.
Obrigado e um abraço ao
Improvável Leitor
Douglas