À medida que a Logística ganha importância os conceitos evoluem e ganham vida; conceitos antigos voltam evoluídos e à vida, e ganham mais vida.
Tem acontecido com a primarização da Logística. No passado chegou-se a conclusão que as empresas não deveriam investir e operar sua própria logística, certo! Agora grandes empresas, já ganharam eficiência em seu core, ganham escala, buscam expertise e voltam a operar, certo!
Os Operadores Logísticos reagem, crescem e ganham ainda mais escala; investem mais em inovação, ganham mais eficiência; e o mais importante, integram a cadeia, coisa que o embarcador não pode fazer sozinho, certo!
O bom é que ganhamos todos, profissionais e o mercado.
Não entendo que haja competição predatória enquanto houver eficiência a ser conquistada; é muito bom ver que a busca por preço está perdendo o jogo para o time da redução de custos e aumento da eficácia. O fato é que tanto o Operador Logístico quanto o Embarcador têm que fazer o produto se mover rápido, mais rápido, muito mais rápido.
Logística hoje é questão de velocidade. Mas não pense só no óbvio!
Não tem que ser rápida só para que chegue rapidinho na sua casa, imagine o que temos hoje de variedade de produtos e tranqueiras que são fabricadas no mundo todo; se o planejamento não for perfeito e em perfeita sintonia com vendas e a logística não for perfeita e perfeitamente rápida, quanto estoque haveria que se ter em trânsito? Quantos armazéns, transit points e movimentos adicionais?
Bom... mas não era disso que eu queria falar; a logística rapidinha fica pra outro post. Quero falar da eficiência da Logística através dos conceitos de Logística Colaborativa e Co-logística; por isso iniciei falando de Operadores e Embarcadores fazendo logística.
Não que uma técnica caiba a um e a outra ao outro, não; na verdade o embarcador não necessariamente opera na Logística colaborativa, mas tem um papel central nela, e via de regra é o protagonista na Co-logística.
A Logística Colaborativa é centrada em um planejamento conjunto e unificado entre embarcadores e operadores, ajusta-se tempos e movimentos, quantidades e rotas de forma a otimizar ativos e reduzir custos operacionais.
Transporte
Colaborativo é uma parte de uma logística colaborativa, não existe a parte sem
o todo; a colaboração tem de estar em todas as operações unitárias e elementos
da logística, como operações de armazenagem, políticas de estoque, logística
reversa, embarques, carregamentos e descarregamentos, e movimentações de
importação e exportação.
Por favor, não chame Transporte Colaborativo de Carga de Retorno, não fica bem pra voce....
Sim, quanto mais o caminhão rodar cheio, maior será o sucesso do projeto; mas a logística colaborativa é um processo intencional de planejamento e execução em conjunto, em que os custos são menores para todos os envolvidos. No próximo número da "Mundo Logística" (março/22) terá um artigo meus sobre o tema. Com certa tristeza, admito; esse tema foi o que desenvolvi em minha tese de doutorado há quase vinte anos, e pouco evoluiu, mas há uma esperança renovada com a caça à eficiência.
A Co-Logística vem crescendo no Brasil, com a liderança de embarcadores grandes e estruturados que movem grandes volumes para um número grande de destinos.
Uma empresa que se encaixa perfeitamente nessa categoria é a Ambev. Produtos de valor agregado baixo, que marca forte o custo da logística em seu demonstrativo financeiro, competição extremamente apertada e busca por espaços em cada esquina. A Ambev tem de chegar a todo lugar, rapidamente (lembre dos estoques e custos agregados à eles) e com custos baixos. E chega, a logística é muito eficiente.
Tive o prazer de estar com eles, ministrando uma palestra e depois uma aula de seu MBA (a Ambev tem em parceria com a FDC para um MBA em Logística dedicado aos seus profissionais); de fato é fantástico o trabalho que fazem e como investem em tecnologia. O investimento expandiu-se para além de suas operações e estão montando um projeto de Co-Logística amplo. A Danone é uma empresa que tem executado esse conceito já há alguns anos, com sucesso, trouxe por exemplo a Ferrero e a Natural One para a sua rede.
Mas de forma objetiva, pode se dizer que a Co-logística é uma operação coordenada por um embarcador que usa sua própria operação e movimentação como âncora para trazer para seu planejamento e execução a logística de outros embarcadores com afinidades específicas.
Inicia-se com o compartilhamento do espaço nos armazéns e caminhões, mas novamente o sucesso está no planejamento em conjunto e único. As empresas podem vir a modificar suas redes de distribuição para otimizar a sua logística e de seu parceiro.
Imagine três caminhões refrigerados, saindo de três armazéns refrigerados para entregar em três momentos diferentes no mesmo mercadinho ...... (os pontinhos são pra dar tempo pra voce imaginar) Agora re-imagine um único armazém refrigerado, um único carregamento em um único caminhão, para o mesmo mercadinho.... imaginou? Re-imagine melhor; re-imagine quantos mais mercadinhos se pode atender no mesmo dia com os mesmos ativos.
A Logística Colaborativa e a Co-Logística têm alguns pontos em comuns. Planejamento em conjunto e único, aplicação de técnica (sistemas e inteligência) e otimização de ativos. Diferem porém no conceito primário.
A dependência e o grau de envolvimento na Co-logística é maior, e não necessariamente os custos são aberto; aqueles que participam do projeto, aderindo à Logística do "Âncora", normalmente tem menor volume e portanto menor ganho de escala, querem se unir à esse âncora para reduzir seus custos. No final não deixa de ser uma prestação de serviços. A Logística Colaborativa trabalha com projetos e trechos de malha específicos, planejamentos focado normalmente em lotes ou rotas específicas; via de regra com a participação de um Operador Logístico, que também pode vir a ser o executor da Co-Logística, ainda mais se houver integração de modais ou de movimentações internacionais.
Bom ver que a Logística de nossos tempos ganha em relevância técnica, propriedade e capacidade; como disse antes, ganha o Mercado e os Profissionais.
Um abraço, e um obrigado ao Improvável Leitor
Douglas
Douglas, excelente artigo. Tema extremamente importante e oportuno. Pena que ainda existe uma visão persistente no mercado de enxegar seu concorrente como "inimigo" e não como um potencial "parceiro" para explorar os benefícios da "co-logistica". Segmento do e-commerce é um bom exemplo.
ResponderExcluirAmaury Vitor