Pular para o conteúdo principal

Tem muita gente na Reunião?

Sempre achei que muita gente em uma reunião não funciona, não produz resultado e principalmente não traz comprometimento, dos indivíduos e da equipe.

Procure imaginar uma chefe bravo querendo chamar a atenção para um resultado ruim (pensou em bronca? Ok...) imagine agora voce nessa reunião com mais 12 pessoas, como voce se sente? Como você volta para sua mesa, e como trata isso no café? Acabou com seu dia? Fala a verdade, não foi diretamente com voce e além do que a coisa não está tão ruim assim. Alguém fez bobagem, ou chefe apanhou da mulher...

Agora a mesma ira de nosso amado lider e você  sentado com mais 2 infelizes, você  vai pra casa tendo certeza que o aquecimento global vai nos cozinhar, a todos, e se for quarta feira, você terá certeza que seu time vai perder.

Há muito tempo penso assim, dos dois lados da mesa vi e vivi essa situação. Lendo um livro bastante denso e muito bom tive a confirmação de minha tese por meio de experimento científico com um propósito diferente.

O livro: "Rápido e Devagar: duas formas de pensar" de Daniel Kaheman.

O Livro de um dos mais renomados cientistas da psicologia do mundo, mostra por meio  de sua tese dois sistemas de pensar e concluir do ser humano, e com inúmeros experimentos reais faz conexões incríveis com a vida cotidiana, principalmente com o mundo e relações de negócios. Vale muito a leitura, mas que isso estudar o tema; devo voltar com insights do livro em posts futuros, mas hoje vou fazer uma correlação de experimento **chocante**  quanto a natureza do ser humano e meu humilde tema: reuniões de trabalho.

O Experimento (transcrito literalmente do livro de Kaheman, 2011)

" Os participantes nesse experimento eram levados a cabines individuais e convidados a falar ao interfone sobre suas vidas e problemas pessoais. Tinham de se revezar falando por cerca de dois minutos. Apenas um microfone era acionado de cada vez. Havia seis participantes em cada grupo, um deles um ator. O ator falava primeiro, seguindo um roteiro preparado pelos pesquisadores. Ele descrevia seus problemas em se adaptar a Nova York e admitia com óbvio constrangimento que era propenso a ataques apopléticos, principalmente sob estresse. Todos os participantes, então, tinham sua vez. Quando o microfone voltava ao ator, ele se mostrava agitado e incoerente, afirmava sentir um ataque a caminho, e pedia para alguém ajudá-lo. As últimas palavras vindas dele eram: “P-por f-favor, alguém a-aju-d-dee ah-ah-ah [sons de sufocamento]. Es-estou m-mo-morrendo eu… v-vou m-mo-rrer… um ataque… ahhh [sufoca, então faz silêncio].” Nesse ponto o microfone do participante seguinte fica automaticamente ativo, e nada mais é escutado do indivíduo possivelmente morrendo. O que você acha que os participantes no experimento fizeram? Até onde sabiam, um deles estava sofrendo um ataque e pedira ajuda. Contudo, havia diversas outras pessoas que talvez pudessem reagir, de modo que era talvez possível permanecer na segurança da própria cabine. O resultado foi o seguinte: apenas quatro dos 15 participantes responderam imediatamente ao pedido de socorro. Seis nem saíram de sua cabine, e cinco outros saíram apenas bem depois que a “vítima do ataque” aparentemente sufocou. O experimento mostra que os indivíduos se sentem desobrigados de responsabilidade quando sabem que outros escutaram o mesmo pedido de socorro. Os resultados o surpreenderam? Muito provavelmente. A maioria de nós pensa em si mesmo como alguém decente que correria para ajudar o outro numa situação dessas, e espera que outras pessoas decentes façam o mesmo. O objetivo do experimento, é claro, era mostrar que essa expectativa está errada. Até mesmo pessoas normais, decentes, deixam de acorrer quando esperam que outros assumam o trabalho desagradável de lidar com uma pessoa sofrendo um ataque. E isso inclui você."

Agora me permitam adaptar o experimento e sua conclusão à minha tese das reuniões e equipes de trabalho:

*O experimento mostra que os indivíduos se sentem desobrigados de responsabilidade quando sabem que outros também* estão sendo penalizados, encarregados de um trabalho, ou pressionados para entregar resultado.

Em qualquer um dos lados da mesa, liderando ou sendo parte do time, Você não deve levar tudo sozinho nas costas, mas também é responsável como profissional individual pelo resultado do time.

Pense nisso: Tem muita gente na reunião??

Obrigado e Abraço e ao improvável leitor


Douglas

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Um aspecto da logística ponta a ponta que poucos veem

Se pensarmos em uma verdadeira logística ponta a ponta, tem uma etapa que poucos conseguem ver. Vamos exemplificar com um caso clássico: o produto sai de uma fábrica em algum lugar da China para a sua casa em São Paulo. Claro, Logística totalmente integrada planejada e executada pela Maersk (#alltheway) De uma fábrica em uma cidade do interior da China, para um Centro de Consolidação e Distribuição (DC), container carregado vai para um depósito de containers (Depot), e então para o porto de Xangai, e aguarda o momento para ser carregado em um Navio para Itapoá em Santa Catarina/Brasil (baita incentivo fiscal que justifica o acréscimo de transporte), de lá vai para um Depot, aguarda o desembaraço, descarregado e vai ao piso, a carga então é consolidada (ainda no Depot), carrega em caminhão, aí pode ir direto ao DC em São Paulo, ou ao um retailer; ou ainda para um DC próximo ao porto, e então ao DC de um retailer, daí para um Cross-docking (ou um DC de passagem), e então para a sua casa.

A Logística das Formigas: Coisa de Gente Grande

Muitas vezes as pessoas, que trabalham com Transporte de Cargas, não acreditam em roteirizadores ou ferramentas de otimização, bem no fundo não acreditam. Todos conhecem e por ser politicamente correto dizem: “claro, sei..... muito bom, mas para garantir é melhor ter um cara bom para conferir e acertar as diferenças pra realidade”. Mais que conhecimento da ferramenta ou princípio, para o pessoal mais experiente, falta crença. Quando a ferramenta não funciona, ela não foi escolhida corretamente ou as premissas aplicadas (ou restrições) não foram modeladas adequadamente. Acredite, funciona (aprendi da pior forma: otimizaram minha rota!!!!). Se você tem alguns caminhões em rotas e motoristas fixos, o roteirizador ou algoritmos não melhoram sua vida; mas imagine centenas de caminhões em rotas variáveis em entregas e coletas (eu disse “e”, e não “ou”), o melhor “cara experiente” não resolve. Imagine agora um formigueiro, não tem um “cara” lá. As formigas saem do form

Tecnologia sem competência não vale nada

Tecnologia sem competência não vale nada.  A tecnologia acomodou as pessoas, complexou os processos e de tal forma massificou o básico, que ficou difícil fazer simples.  A tecnologia é a evolução da espécie humana, os avanços que a humanidade conseguiu  nas últimas 5 décadas é maior que toda a evolução até então em toda a história.   Os dois parágrafos anteriores não são contraditórios. A questão é que as pessoas que usam a tecnologia estão distantes da ciência que as desenvolveu; as pessoas buscam os benefícios das maravilhas modernas e não como usá-las bem, muito menos em aprender como.  Quando o cérebro era mais importante que o dedo que domina o botão, era preciso ter habilidades, esforço real e competência na arte de realizar. Era preciso pensar.    As melhores empresas são as que tem processos eficientes e pessoas eficazes para aplicação plena da tecnologia.  Tecnologia é meio e não fim. É investimento e não custo, simplificação e otimização do resultado, e nã