Pular para o conteúdo principal

Que pós graduação fazer se trabalho com Logística?


Com bastante freqüência me perguntam: "preciso voltar a estudar, que "pós" devo fazer?"

Algumas pessoas fazem uma boa pesquisa sobre cursos e escolas e querem decidir, meio como quem vai escolher um produto ou um diploma que combina com a decoração ..... difícil .... 
Me trazem uma porção de papel ou links, e, querem que eu diga: Puxa, é ótimo!
Quase nunca é .... sorry.

Às vezes é difícil opinar porque o amigo, ou a colega quer fazer um MBA, mas ainda não terminou a base de sua formação técnica, ou simplesmente não é hora para um MBA. 

A pós graduação tem de fazer parte da sua formação profissional como uma peça que tem de se encaixar, é uma construção e não o atalho para uma promoção.
Se cada caso é um caso, algumas coisas sempre valem, tanto para graduação quanto para a pós. Vamos começar pela graduação, pensando sempre na carreira em Logística:

Graduação
Se você é jovem e está começando sua carreira em Logística, de preferência por Engenharia ou Administração; se você tem já um bom tempo de estrada e ainda falta o diploma, os cursos de Logística de dois ou três anos (terceiro grau) funcionam pra você.

Por que Engenharia?
No Brasil a tradição das melhores faculdades formadoras de profissionais de Logística está nas Escolas de Engenharia; além de criar uma base multidisciplinar e um bom ferramental, é onde se desenvolvem pesquisas e tecnologias.
Na faculdade de engenharia você deve ganhar conhecimentos e fundamentos de matemática e estatística, aprender a criar e administrar projetos;  você também aprende a conhecer processos, e ferramentas de simulação e otimização.
Poucas coisas na logística são mais desafiadoras e gratificantes do que alaborar um desenho de uma operação, fazer com que ela seja eficiente e de baixo custo, e que de preferência você possa ir para campo e por pra rodar.
É comum as pessoas pensarem que profissionais de logística, principalmente Transportes, não precisam ter formação técnica, sabendo quantas rodas tem um caminhão e quantas pernas tem o motorista já suficiente, não é.
Só um engenheiro pode fazer? Claro que não, mas é o curso que dá mais ferramentas para isso.

Por que Administração?
Nos Estados Unidos a tradição das melhores faculdades formadoras de profissionais de Logística está nas Escolas de Administração; além de criar uma base financeira, também traz ferramentas técnicas para trabalhar projetos e otimizações. Há muitas faculdades de administração no Brasil, se você quer se destacar, e de fato sair preparado, escolha uma muito boa.
Claro que o forte de uma faculdade de administração é o preparo para a gestão de negócios e análises financeiras, o que é muito importante em Logística.
Se você tem mais afinidade para área de humanas e negócios, faça Administração, e busque pós em áreas técnicas e muita transpiração na operação do dia a dia.

A Pós!!!!!
Pós tem de ser em escola de primeira linha e fazer diferença no seu trabalho, na sua performance, e nos seus resultados; você tem de sair melhor do que entrou, e não só mais pobre.
Acreditem, uma linha no seu cv mostrando uma pós graduação em faculdade de segunda linha não emociona o entrevistador na busca de uma boa posição
Se não preencher essas condições, não faça!
Mas já que decidimos que vamos fazer...então qual?
Não dá pra dizer qual, não sou procurador de nenhuma; mas podemos entender para que lado vamos.
Insisto: de primeira linha, mesmo.
O ideal é buscar escolas tradicionais como LALT/Unicamp, Celog/Vanzolini USP, GV, Insper (antiga IBMEC), ILOS, e algumas outras. Há boas escolas no Brasil todo, se souber o que quer, você vai achar.
Mas antes de buscar a instituição, pense na sua formação, o que falta e para onde você quer ir. Pra começar, pense na sua formação acadêmica e na sua experiência profissional, e aí qual será o próximo tijolo.

Caso você seja um engenheiro, e trabalha com projetos, mas essa será sua primeira pós na área, a melhor opção para você é um curso de extensão com foco na área técnica de logística. Não é hora de pensar em finanças e muito menos MBA.
O curso do LALT Unicamp e Celog/Poli, para quem mora na região de São Paulo, são muito bons, e apesar do conceito gerador ser um pouco diferente, o currículo é bem semelhante; ambos trazem professores muito qualificados, com uma mescla interessante entre profissionais e acadêmicos (na USP mais acadêmicos).
Esse tipo de curso dura cerca de dois anos, duas vezes por semana e aborda aspectos desde os mais básicos em estrutura até ferramentas de elaboração de projetos, passando bem (sem ser o objetivo específico) pela gestão do negócio.

Essa linha é ainda mais indicada para administradores ou outras raças que não tiveram ferramentas mais técnicas de operações.
Serve para todos, então? Geralmente sim; mas principalmente para aqueles que ainda estão subindo a montanha e atuam mais na operação e projetos do que em gestão.

Para aqueles que já têm boa experiência prática, sólida formação na área técnica, está ou logo estará mais ligado à gestão, mas não é exatamente um Jack Welch; deve ir para área financeira/administrativa.

Citando dois dos tradicionais, que servem como parâmetro para busca são CEAG/GV e Financeiros para não financistas da INPER/IBMEC; mas há muitas opções; os mesmos cursos aplicados em muitas áreas profissionais servem para Logística, pois aqui o foco não é específico, mas sim gestão de negócios e finanças.
O ILOS oferece cursos que navegam por mares pouco navegados até então, buscando mais equilíbrio entre mercado, operações e finanças.

Uma formação que me agrada muito é essa seqüência acima, fechando com o Mestrado Clássico (strictu senso), ou MBA.

Mestrado ou MBA
Tanto faz? Não, definitivamente não

O Mestrado Strictu Senso deve ser a opção para quem quer ser muito bom na área técnica, desenvolver-se muito em uma área específica da logística, e claro manter um pé dentro da Academia.
É muito útil quando você trabalha em empresas que a logística seja atividade fim e não meio; ajuda bastante na carreira se você direcionar o seu mestrado para um tema convergente com sua empresa; você ganha pontos na companhia e todos os dados para a sua dissertação. O Mestrado também te dá a oportunidade de continuar a pesquisar, publicar artigos e dar aulas, isso aumenta sua projeção e te dá uma opção de carreira no futuro.

O MBA é o curso para quem já está mais maduro, vai polir seu currículo e fechar sua formação, e busca uma posição executiva na gestão do negócio.
Nada é mais importante no MBA do que sua grife; o nome da Instituição diz o que ela é, e a repercussão positiva ou negativa que ela fará na sua carreira.
Um MBA sem nome vai mandar a mensagem que você não teve critérios na escolha, ou capacidade de enfrentar um MBA de verdade. Networking não é um brinde, mas parte (talvez a mais importante) do MBA, e não estou falando de colecionar cartões de visita, mas sim escutar e dividir experiências profissionais e de vida.

Procure saber qual a idade média dos alunos e critérios de seleção, antes de escolher o MBA, se houverem jovens muito jovens (jovens todos somos...) é sinal que o curso está querendo encher as salas com mais vontade do que manter um padrão elevado.
Isso vale pra você também, não faça MBA se você nasceu nesse século, ou ainda tinha dente de leite quando o Brasil foi Tetra.

Fechando
As carreiras vitoriosas começam na operação, passam por projetos, suporte a vendas (ou a partir desse ponto a opção definitiva para a área comercial), e ai sim gestão e liderança.
Líderes que operaram (ou operaram e sempre vão saber como) levam vantagem. É certo. Por isso a base tem de ser sólida na área técnica.
Com seus 30 e tantos e já com suas boas pós-graduações, aí você busca entrar para o clube dos estressados e desesperados executivos; pesquise, economize e agarre seu MBA.
Lembre que na estrada da sua carreira, se os seus cursos são a carreta, quem puxa a carga são os seus resultados.

Abraço e um obrigado ao improvável Leitor

Douglas

Postagens mais visitadas deste blog

Um aspecto da logística ponta a ponta que poucos veem

Se pensarmos em uma verdadeira logística ponta a ponta, tem uma etapa que poucos conseguem ver. Vamos exemplificar com um caso clássico: o produto sai de uma fábrica em algum lugar da China para a sua casa em São Paulo. Claro, Logística totalmente integrada planejada e executada pela Maersk (#alltheway) De uma fábrica em uma cidade do interior da China, para um Centro de Consolidação e Distribuição (DC), container carregado vai para um depósito de containers (Depot), e então para o porto de Xangai, e aguarda o momento para ser carregado em um Navio para Itapoá em Santa Catarina/Brasil (baita incentivo fiscal que justifica o acréscimo de transporte), de lá vai para um Depot, aguarda o desembaraço, descarregado e vai ao piso, a carga então é consolidada (ainda no Depot), carrega em caminhão, aí pode ir direto ao DC em São Paulo, ou ao um retailer; ou ainda para um DC próximo ao porto, e então ao DC de um retailer, daí para um Cross-docking (ou um DC de passagem), e então para a sua casa.

A Logística das Formigas: Coisa de Gente Grande

Muitas vezes as pessoas, que trabalham com Transporte de Cargas, não acreditam em roteirizadores ou ferramentas de otimização, bem no fundo não acreditam. Todos conhecem e por ser politicamente correto dizem: “claro, sei..... muito bom, mas para garantir é melhor ter um cara bom para conferir e acertar as diferenças pra realidade”. Mais que conhecimento da ferramenta ou princípio, para o pessoal mais experiente, falta crença. Quando a ferramenta não funciona, ela não foi escolhida corretamente ou as premissas aplicadas (ou restrições) não foram modeladas adequadamente. Acredite, funciona (aprendi da pior forma: otimizaram minha rota!!!!). Se você tem alguns caminhões em rotas e motoristas fixos, o roteirizador ou algoritmos não melhoram sua vida; mas imagine centenas de caminhões em rotas variáveis em entregas e coletas (eu disse “e”, e não “ou”), o melhor “cara experiente” não resolve. Imagine agora um formigueiro, não tem um “cara” lá. As formigas saem do form

Tecnologia sem competência não vale nada

Tecnologia sem competência não vale nada.  A tecnologia acomodou as pessoas, complexou os processos e de tal forma massificou o básico, que ficou difícil fazer simples.  A tecnologia é a evolução da espécie humana, os avanços que a humanidade conseguiu  nas últimas 5 décadas é maior que toda a evolução até então em toda a história.   Os dois parágrafos anteriores não são contraditórios. A questão é que as pessoas que usam a tecnologia estão distantes da ciência que as desenvolveu; as pessoas buscam os benefícios das maravilhas modernas e não como usá-las bem, muito menos em aprender como.  Quando o cérebro era mais importante que o dedo que domina o botão, era preciso ter habilidades, esforço real e competência na arte de realizar. Era preciso pensar.    As melhores empresas são as que tem processos eficientes e pessoas eficazes para aplicação plena da tecnologia.  Tecnologia é meio e não fim. É investimento e não custo, simplificação e otimização do resultado, e nã